As minas do Rei Salomão
O Rei Salomão, segundo a Bíblia, teria sido o terceiro rei dos Hebreus, depois de Saul e Davi, de quem era filho. Há poucas evidências históricas do período estimado em 30 anos no qual Salomão teria conduzido a chamada Monarquia Unida, que, ao fim de seu reinado, seria dividida nos reinos de Israel e Judá. Mas as lendas são várias. A idéia de opulência no reinado de Salomão, tornada possível pela existência de minas de ouro praticamente inesgotáveis, foi enaltecida pelo livro “As Minas do Rei Salomão”, publicado em 1885 por Henry Rider Haggard. A aventura liderada pelo aventureiro Allan Quatermain por uma região inexplorada no continente africano é considerada a precursora dos livros sobre “mundos perdidos”.
E eis que agora toda a história do rei ganha novos capítulos. Isto porque um novo estudo, que será publicado em breve na revista “Proceedings of the National Academy of Sciences” (PNAS), destaca que as minas teriam existido em período coincidente com o descrito nos relatos bíblicos. Segundo a pesquisa, o controle da exploração do minério, no caso cobre, em região localizada na atual Jordânia, teria se iniciado durante o reinado de Davi.
Liderado por Thomas Levy, da Universidade da Califórnia em San Diego, nos EUA, e Mohammad Najjar, da instituição Amigos da Arqueologia, da Jordânia, um grupo internacional de pesquisa escavou um antigo centro de produção de cobre em Khirbat en-Nahas, ao sul do mar Morto. A escavação foi efetuada até se atingir um terreno ainda não explorado, após mais de 6 metros de detritos. Os pesquisadores encontraram artefatos e, por meio de datação por carbono, verificaram que o auge da produção das minas ocorreu no século 10 a.C., o que se encaixa com a narrativa bíblica dos reinados de Davi e Salomão. A data é três séculos anterior ao que estudos arqueológicos anteriores haviam concluído. O estudo também identifica um aumento na atividade metalúrgica no local no século 9 a.C., o que seria consistente com a história do povo edomita também relatada no Velho Testamento.
“Não podemos acreditar em tudo que os escritos antigos dizem, mas o estudo indica uma confluência entre as datas arqueológicas e científicas com as contidas na Bíblia”, afirmou Levy. De 1925 a 1948, período conhecido como “era de ouro” da arqueologia bíblica, os cientistas tentaram encaixar suas pesquisas na cronologia do Velho Testamento. A partir da década de 1970 a tendência modificou-se depois que escavações na Jordânia indicaram que a metalurgia não teria se iniciado na região até o século 7 a.C. Agora, o novo estudo indica que a exploração de minérios começou mesmo mais cedo.
“Nosso trabalho também demonstra métodos objetivos que permitem a análise de dados de modo neutro e isento. Isso é especialmente importante em lugares onde os registros arqueológicos e a análise de textos sagrados tornam-se arenas para calorosos debates ideológicos e culturais”, disse. Segundo Levy, o grupo pretende concentrar os futuros estudos no sítio arqueológico em Khirbat en-Nahas em quem controlava a produção de cobre na região, se os reis Davi e Salomão ou líderes edomitas. O artigo High-precision radiocarbon dating and historical biblical archaeology in southern Jordan, de Thomas Levy e outros, poderá ser lido em breve por assinantes da Pnas em www.pnas.org.
Referências: Agência FAPESP e PNAS
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Sinistro hein ow
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