História dos Bairros do Rio de Janeiro - Barra da Tijuca
Dando continuidade ao histórico dos bairros do Rio de Janeiro, falarei hoje sobre a Barra da Tijuca.
Após a expulsão dos invasores franceses, no século XVI, o Governador-Geral Mem de Sá nomeou seu sobrinho, Salvador Correia de Sá, capitão e governador da cidade. Este doou terras a dois portugueses que participaram da luta, Jerônimo Fernandes e Julio Rangel de Macedo, que receberam sesmarias que partiam de Jacarepaguá e chegavam até a atual Barra da Tijuca. Em 1594 Salvador Correia de Sá passou este amplo território a seus dois filhos, Gonçalo e Martim Correia de Sá, que concordaram em dividir a área. Gonçalo ficou com as terras que hoje correspondem aos bairros da Freguesia, Taquara, Camorim, Campinho, e a maior parte da Barra da Tijuca. A área de Martim Correia de Sá ia desde Camorim até o Recreio dos Bandeirantes, alcançando o litoral. No entanto, as duas partes tiveram evolução desigual. Em Jacarepaguá foram instalados engenhos e fazendas, em função do terreno plano e dos mananciais de água, o que proporcionou um desenvolvimento econômico baseado em atividades rurais. A área litorânea, por outro lado, não teve desenvolvimento regular e crescente por não ser adequada nem para o plantio nem para a criação de gado.
Em 1625, a filha de Gonçalo Correia de Sá, Dona Vitória de Sá e Benevides, recebeu como herança as terras do pai, dadas como dote, em 1628, a seu esposo, o Governador-Geral do Paraguai, D. Luis Cespede Xeria. Em 1667 as propriedades de Dona Vitória, correspondentes à maior parte do bairro, foram legadas, por testamento, ao Mosteiro de São Bento. Os religiosos fundaram ali três engenhos que ocupavam quase a metade da região. Durante mais de dois séculos, a Ordem dos Beneditinos explorou ou arrendou as terras mas, com o passar do tempo, a produtividade dos engenhos declinou. Plantações de café substituíram a cana-de-açúcar mas, com as crises do café, as fazendas foram divididas em pequenos sítios. Devido à perseguição às ordens religiosas durante o Segundo Império e ao fim da escravidão, os beneditinos ficaram quase arruinados. Em 1891, as terras remanescentes foram vendidas à Cia. Engenho Central de Jacarepaguá, sendo repassadas ao Banco de Crédito Móvel, em pagamento de dívidas. Em 1900, as terras foram vendidas à Saneadora Territorial e Agrícola S. A., ainda hoje proprietária de terrenos na área.
O processo de ocupação da Barra da Tijuca foi então induzido pela construção de estradas de rodagem, ao contrário dos bondes e trens que promoveram a urbanização em regiões mais antigas da cidade. Muito antes que a região se adensasse, já haviam sido abertas as estradas dos Bandeirantes, do Joá, de Furnas, das Canoas e da Gávea, que começaram a surgir no séc. XIX para atender a localidades mais distantes. Até as primeiras décadas do século XX, os movimentos de ocupação se mostraram inconsistentes, com processo de urbanização junto às principais vias de acesso, como a Av. Niemeyer e a Estrada de Furnas.
Até 1960, quase todas as melhorias executadas na região atendiam apenas ao escoamento da produção rural ainda existente e ao lazer da população. Em 1969, com a aprovação do Plano Piloto de Urbanização e Zoneamento da Baixada de Jacarepaguá, elaborado pelo urbanista Lúcio Costa, uma nova fronteira de expansão imobiliária se abria e a ocupação da Barra da Tijuca se iniciava de forma definitiva. O Plano Lúcio Costa propunha uma ocupação planejada da baixada compreendida entre a Barra da Tijuca, o Pontal de Sernambetiba e Jacarepaguá e rompia com os padrões de ocupação típicos do Rio de Janeiro. Com a construção da Auto-Estrada Lagoa-Barra, na década de 1980, a urbanização da região se intensificou. Hoje, apesar de modificações no plano original, o urbanismo modernista faz do bairro um espaço singular no Rio de Janeiro, marcado pela presença de condomínios fechados, shoppings, hipermercados e pela intensa atividade imobiliária. Apesar da intensidade do tráfego e da crescente poluição de suas lagoas e praias, a Barra da Tijuca ainda preserva um extenso litoral propício a banhos de mar e um conjunto importante de áreas naturais protegidas.
Bairro anterior: Bangu
Referências: Portal Geo e barradatijuca.com.br
1 Comentário(s)::
hoje ja ta saturado esse bairro ne ow
Postar um comentário