Ano bissexto
A cada quatro anos temos esse dia, no mínimo, bizarro. Mas por quê?
Para começar, denomina-se bissexto o ano que possui um dia a mais do que os anos comuns. O objetivo é manter o calendário utilizado em sincronismo com os eventos sazonais relacionados às estações do ano. Assim, no caso do calendário gregoriano, há a inserção de um dia extra a cada quatro anos no mês de fevereiro, que passa a ter 29 dias, deixando o ano com 366 dias no total.
A razão da existência do ano bissexto é para se fazer a correção da discrepância entre o ano-calendário convencional e o tempo de translação da Terra em torno do Sol — o ano solar. A Terra leva aproximadamente 365,25 dias solares (1 ano trópico) para dar uma volta completa ao redor do Sol, enquanto o ano-calendário comum (por convenção) tem 365 dias solares. Portanto, sobram aproximadamente seis horas (0,25 dia) a cada ano solar. As horas excedentes são somadas e, a cada quatro anos, adicionadas ao calendário na forma de um dia (4 x 6h = 1 dia).
Tudo começou com o calendário juliano, implantado em 45 a.C. por Júlio César, que tinha uma regra similar, porém mais simples do que a atual, para definir os anos bissextos. Seriam bissextos, sem exceção, todos os anos múltiplos de quatro. Entretanto, a fórmula de correção do ano bissexto acabava causando, a longo prazo, atrasos nas estações do ano. Em 1582, para corrigir o atraso acumulado, o Papa Gregório XIII implantou o calendário gregoriano. Definiu-se que o ajuste deveria ser feito de forma que o equinócio de março caísse no dia 21 daquele mês, o que estava em conformidade com o primeiro Concílio de Nicea (325 d.C.). Além disso, essa definição para o equinócio de março tem ligação direta com a vontade da Igreja Católica em definir a comemoração da Páscoa Cristã em data diferente da Páscoa Judaica (Pesach).
A duração média do ano no calendário juliano era maior que a duração do ano trópico. Para que o ajuste entre o ano sazonal e o ano trópico se mantivesse, a diferença de acarretava a necessidade de retirar um dia do calendário anual a cada 128 anos. Entre os anos de 325 e 1582 passaram-se 1257 anos. Como no sistema juliano a cada 128 anos havia essa necessidade retirar um dia do calendário, acumularam-se, depois de 1257 anos, aproximadamente dez dias (9,82 dias, para ser mais exato). Portanto, em 1582, na transição entre os calendários juliano e o gregoriano, o dia 4 de outubro foi seguido pelo dia 15 de outubro. Os dez dias entre eles foram retirados do calendário.
Estabeleceu-se para o calendário gregoriano que seriam bissextos todos os anos múltiplos de quatro, exceto se, sendo um ano múltiplo de cem, não fosse também múltiplo de 400 (1700 por exemplo). Na prática, isso significa que há 97 anos bissextos a cada 400 anos.
Fontes: Calendários, www.daf.on.br/~jlkm/Main.html e FAQ about Calendars