Punhado de poderosos e ricos vs Multidão miserável
Quase no final do livro “Discurso Sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade Entre os Homens”, Jean-Jacques Rousseau faz observações que possibilitam avaliar com bastante exatidão, segundo ele, quanto cada povo se distanciou de seus modos primitivos e o caminho que cada um deles percorreu rumo ao extremo da corrupção. Assim, em suas próprias palavras:
“...assinalaria como esse desejo universal de reputação, de honrarias e de preferências, que nos devora a todos, exercita e compara os talentos e as forças, excita e multiplica as paixões e, como tornando todos os homens concorrentes, rivais, ou melhor, inimigos, causa todos os dias reveses, sucessos e catástrofes de toda espécie, ao fazer com que tantos pretendentes corram na mesma liça. Mostraria que é a essa ânsia de fazer falar de si, a essa gana de distiguir-se que nos mantém quase sempre fora de nós mesmos que devemos o que há de melhor e de pior entre os homens, nossas virtudes e nossos vícios, nossas ciências e nossos erros, nosso conquistadores e nossos filósofos, ou seja, uma grande quantidade de coisas más contra um pequeno número de boas. Provaria enfim que, se vemos um punhado de poderosos e de ricos no topo das grandezas e da fortuna, enquanto a multidão rasteja na obscuridade e na miséria, é porque os primeiros só estimam as coisas que desfrutam na medida em que os outros dela estão privados, e porque, sem mudar de estado, deixariam de ser felizes se o povo deixasse de ser miserável”.
Não há nada mais perfeito, na minha opinião, para explicar o que acontece na sociedade, explicar o que é a diferença entre os mais ricos e os mais pobres e porque ela continua a existir, do que esta passagem inteira, principalmente a última parte: “...se vemos um punhado de poderosos e de ricos no topo das grandezas e da fortuna, enquanto a multidão rasteja na obscuridade e na miséria, é porque os primeiros só estimam as coisas que desfrutam na medida em que os outros dela estão privados, e porque, sem mudar de estado, deixariam de ser felizes se o povo deixasse de ser miserável”.
Fonte: Discurso Sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade Entre os Homens
3 Comentário(s)::
Oi, André! De fato, listar discos favoritos envolve gosto e opinião, mas há também que considerar a nossa formação, a "escola" com que nos identificamos. "Nesse 1001 discos...", a seção referente aos anos 50 é modesta. Bill Halley, ídolo do rockabilly na época também não é citado, mas como disse no texto, não se trata de um catálogo e o livro não pretende esgotar o assunto, pois música é um universo. O interessante é que o livro desperta no leitor o desejo de ouvir vários dos álbuns ali destacados. Vale dar uma xeretada. Abração do mano Filardi!
Nééééé, genialiade hein ow
Na sociedade atual, como sempre, para haver opressores é necessário existir oprimidos. Para muitos a felicidade não está em ser, mas em ter, gerando uma sociedade desigual e hipócrita.
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