sábado, 17 de novembro de 2007

Punhado de poderosos e ricos vs Multidão miserável

Quase no final do livro “Discurso Sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade Entre os Homens”, Jean-Jacques Rousseau faz observações que possibilitam avaliar com bastante exatidão, segundo ele, quanto cada povo se distanciou de seus modos primitivos e o caminho que cada um deles percorreu rumo ao extremo da corrupção. Assim, em suas próprias palavras:

“...assinalaria como esse desejo universal de reputação, de honrarias e de preferências, que nos devora a todos, exercita e compara os talentos e as forças, excita e multiplica as paixões e, como tornando todos os homens concorrentes, rivais, ou melhor, inimigos, causa todos os dias reveses, sucessos e catástrofes de toda espécie, ao fazer com que tantos pretendentes corram na mesma liça. Mostraria que é a essa ânsia de fazer falar de si, a essa gana de distiguir-se que nos mantém quase sempre fora de nós mesmos que devemos o que há de melhor e de pior entre os homens, nossas virtudes e nossos vícios, nossas ciências e nossos erros, nosso conquistadores e nossos filósofos, ou seja, uma grande quantidade de coisas más contra um pequeno número de boas. Provaria enfim que, se vemos um punhado de poderosos e de ricos no topo das grandezas e da fortuna, enquanto a multidão rasteja na obscuridade e na miséria, é porque os primeiros só estimam as coisas que desfrutam na medida em que os outros dela estão privados, e porque, sem mudar de estado, deixariam de ser felizes se o povo deixasse de ser miserável”.

Não há nada mais perfeito, na minha opinião, para explicar o que acontece na sociedade, explicar o que é a diferença entre os mais ricos e os mais pobres e porque ela continua a existir, do que esta passagem inteira, principalmente a última parte: “...se vemos um punhado de poderosos e de ricos no topo das grandezas e da fortuna, enquanto a multidão rasteja na obscuridade e na miséria, é porque os primeiros só estimam as coisas que desfrutam na medida em que os outros dela estão privados, e porque, sem mudar de estado, deixariam de ser felizes se o povo deixasse de ser miserável”.

Fonte: Discurso Sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade Entre os Homens

3 Comentário(s)::

INTERVALO CULTURAL RIO disse...

Oi, André! De fato, listar discos favoritos envolve gosto e opinião, mas há também que considerar a nossa formação, a "escola" com que nos identificamos. "Nesse 1001 discos...", a seção referente aos anos 50 é modesta. Bill Halley, ídolo do rockabilly na época também não é citado, mas como disse no texto, não se trata de um catálogo e o livro não pretende esgotar o assunto, pois música é um universo. O interessante é que o livro desperta no leitor o desejo de ouvir vários dos álbuns ali destacados. Vale dar uma xeretada. Abração do mano Filardi!

P. L. F. V. disse...

Nééééé, genialiade hein ow

Anônimo disse...

Na sociedade atual, como sempre, para haver opressores é necessário existir oprimidos. Para muitos a felicidade não está em ser, mas em ter, gerando uma sociedade desigual e hipócrita.