domingo, 6 de setembro de 2009

De nômade a sedentário

Eis um artigo que recebi por e-mail e que, apesar de eu falar e não seguir muito também, corrobora com a minha opinião. O desenvolvimento da “sociedade”, facilitando todas as ações do homem e permitindo que ele fique cada vez mais “imóvel”, traz essas más conseqüências à saúde.

DE NÔMADE A SEDENTÁRIO
(Heraldo Victer – Presidente do Centro de Estudos do Procordis – CEPRO)

A vida moderna trouxe uma série de vantagens ao homem comum, com facilidade na execução das tarefas diárias. O Homem não precisa mais ir à busca, tudo chega às suas mãos sem esforço. De caminhante ativo se transformou em inativo. O preço desta mordomia foi o sedentarismo.

Os carboidratos refinados (farinha de trigo refinada e seus derivados, açúcar refinado e seus derivados, etc.) e os alimentos gordurosos fizeram a população conhecer a obesidade. Em fotografias e/ou filmes das décadas de 30, 40 e 50 não se observava pessoas com sobrepeso corporal. Contudo, atualmente, a obesidade está se constituindo num flagelo das nações, existindo 300 milhões de obesos. É pior que a própria fome africana e mata muito mais.

A obesidade leva a situações patológicas indesejadas, desde artrose dos joelhos, infiltração gordurosa do fígado, dificuldade de locomoção e aparecimento da temida doença metabólica, [i]diabetes mellitus[/i]. Logo surgem as doenças cardiovasculares (DCV). Estas são as principais causas de morbi-mortalidade em todo mundo ocidental, como no Brasil e no estado do Rio de Janeiro. As DCV causam uma profunda repercussão na sociedade, reduzindo a força de trabalho, por acometer a população economicamente ativa, levando a um grande impacto sócio-econômico, onerando a previdência social.

Como reverter esta situação tão preocupante, agora também acometendo a população jovem?

Kenneth CooperNa década de 1970, o cardiologista texano Kenneth Cooper divulgou a importância da atividade física à saúde cardiovascular. Mais ainda, que o exercício físico atuaria na função cardíaca promovendo melhor desempenho do coração ante o esforço físico. Criava-se um modelo de resposta fisiológica do organismo que proporcionaria uma prevenção às doenças cardiovasculares. Estas observações e conclusões cientificas foram obtidas através de muitas experiências realizadas nos laboratórios de fisiologia do exercício e foram tão logo passadas à prática clínica. Foram informações revolucionárias para a época.

Estes novos conceitos tiveram um impacto extraordinário à vida do homem comum, modificando o comportamento urbano a ponto de ter ocorrido uma onda avassaladora de pessoas caminhando e correndo pelas ruas, ainda sem ter tido uma devida orientação profissional. “Cooper” passou ser sinônimo de exercício físico. O chamado “Teste de Cooper” ingressou nas faculdades, penetrou nas salas de aula, convenceu os professores e foi academicamente introduzido aos profissionais da área de saúde como verdade cientifca. Nos últimos anos vários trabalhos científicos vieram demonstrar a correlação linear existente entre os exercícios físicos e os benefícios obtidos, inclusive na redução da morbi-mortalidade cardiovascular.

O estudo comparativo da doença coronária nos entregadores de carta ter sido estatisticamente muito menor do que nos motoristas de ônibus veio comprovar a importância do exercicio sobre a saúde. Da mesma forma, os obesos ativos são mais saudáveis que os obesos sedentários.

A adesão mínima da prática do exercício físico para despender gasto calórico moderado por período de tempo prolongado de forma regular está associada a uma redução de 20% a 30% do risco cardiovascular. Uma sessão de três segmentos de 30 minutos cada (alongamento, aeróbica e musculação) de três a quatro vezes por semana é suficiente para produzir um adequado condicionamento físico e conferir qualidade de vida. Os expressivos efeitos benéficos se fazem presentes também no metabolismo lipídico, com aumento do HDL (colesterol “bom”), com redução do LDL (colesterol “ruim”) e com redução dos TG (triglicerídeos). Favorece um aumento a sensibilidade à insulina, produz uma queda nas cifras da pressão arterial.

Finalmente, com a possivel melhoria da função endotelial vascular, presume-se que possa retardar a progressão da aterosclerose. Dada a extrema facilidade de realização da atividade e exercício físicos, deve ser a via mais adequada para se tornar real a conquista de uma vida saudável. Reverter o estilo de vida do homem, voltar a ser caminhante.

Bibliografia consultada:
1. Brunwald ‘s HEART DISDEASE -A Textbook of Cardiovascular Medicine
Zipes,Libby,Bonow &Braunwald – International Edition – 7th Edition 2005
2. The National Heart, Lung and Blood Institute (NHLBI) – statistic 2006.
3. Moderate Exercise May ImproveCardiovascular Risk Factors,LifeExpectancy
Laurie Barclay and Charles Vega – CME – Medscape – nov 2005.
4. Framingham Heart Study – updated data – 2006.
5. Effect of Calorie Restriction with or without Exercise on Body Composition and Fat Distribution. March 2007
Leanne M. Redman, Eric Ravussin for the Pennington CALERIE Team.
Pennington Biomedical Research Center, Baton Rouge, Lousiana – USA.