Antiga civilização descoberta na Amazônia
Na Amazônia brasileira, pesquisadores brasileiros e norte-americanos descobriram os restos de uma complexa sociedade urbana que floresceu na região antes da chegada dos europeus. As cidades tinham praças, fossos defensivos e paliçadas, e estavam ligadas entre si por uma extensa rede de caminhos.
Não são exatamente as cidades com telhados cobertos de ouro que os descobridores europeus tanto procuraram há cerca de 500 anos. Mas a descoberta na floresta amazônica, na região do Xingu, de antigas urbes ligadas entre si por uma extensa rede de caminhos, revela que afinal existia ali, antes mesmo da chegada dos europeus, uma sociedade humana mais complexa do que se imaginava.
A investigação arqueológica, realizada por uma equipe de cientistas norte-americanos e brasileiros, e publicada na última sexta-feira na revista Science, revela a existência, nas regiões norte e centro-oeste do Brasil, de restos de complexos habitacionais que lembram em dimensão as cidades medievais na Europa, ou a polis, na Grécia Antiga, segundo os próprios autores do artigo.
Aquelas cidades, anteriores ao ano de 1500 e hoje engolidas pela vegetação da floresta tropical, eram, no entanto, “mais complexas, do ponto de vista do seu planejamento, do que as urbes européias, suas contemporâneas”, explicou o antropólogo Mike Heckenberger, da Universidade da Flórida e líder da equipe, citado pelo serviço de notícias de ciência Eurekalert. Ainda de acordo com Heckenberger, as primeiras provas de uma civilização no Xingu foram encontradas em 2003, mas só agora foi possível detalhar como elas eram. Foram usadas imagens de satélite e tecnologia de navegação por GPS para mapear as antigas comunidades.
Os pesquisadores também contaram com a ajuda da tribo Kuikuro, que habita a região e possivelmente são os descendentes do povo que viveu nas cidades. Os indígenas apontaram no meio da selva os indícios, quase invisíveis, de uma civilização antiga. A estimativa é que pelo menos 800 pessoas viviam em cada vila.
Foram encontrados 28 sítios pré-históricos e também sinais de atividades agropecuárias extensivas, inclusive possíveis resquícios de criações de peixes. A maior das “cidades” daquele complexo tecido urbano foi datada pelos cientistas entre 1250 e 1650. Por volta desta última data, estimam os autores do estudo agora apresentado, aquela civilização indígena, com praças e paliçadas em suas cidades, teria entrado em colapso, após o contato com os europeus e com as novas doenças para ali levadas por eles. A maioria dos habitantes autóctones teria morrido nessa altura, justamente por causa dessas doenças.
Referências: Diário de Notícias e Revista da Semana