Jean-Jacques Rousseau
Em 28 de junho de 1712, há exatos 300 anos, nascia em Genebra um dos maiores filósofos e teóricos políticos de todos os tempos: Jean-Jacques Rousseau. Ele não conheceu a mãe , pois ela morreu alguns dias após do parto. Foi criado pelo pai, Isaac Rousseau, um relojoeiro calvinista. Aos 10 anos teve de afastar-se do pai, mas continuaram mantendo contato. Já na adolescência, foi estudar numa rígida escola religiosa, sendo aluno do pastor Lambercier. Mais tarde teve como amante uma rica senhora e, sob seus cuidados, desenvolveu interesse por música e filosofia. Posteriormente pariu para Paris. Havia inovado muitas coisas no campo da música, o que lhe rendeu um convite de Diderot para que escrevesse sobre isso na famosa Enciclopédia. Além disso, obteve sucesso com uma de suas óperas, intitulada “O Adivinho da Vila”. Aos 37 anos, participando de um concurso da academia de Dijon cujo tema era "O restabelecimento das ciências e das artes terá favorecido o aprimoramento dos costumes?", torna-se famoso ao escrever como resposta o “Discurso Sobre as Ciências e as Artes”, ganhando o prêmio em 1750. Depois isso, Rousseau, então famoso na elite parisiense, é convidado para participar de discussões e jantares para expor suas ideias. Ao contrário de seu grande rival Voltaire, que também não tinha o sangue azul, aquele ambiente não o agradava. Outra importantíssima obra foi “Discurso Sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens”, também na competição da Academia de Dijon, em 1754.
Rousseau teve cinco filhos com sua amante de Paris, porém, acaba por colocá-los todos em um orfanato. Uma ironia, já que anos depois escreve o livro “Emílio”, ou “Da Educação”, que ensina sobre como se deve educar as crianças. Outro livro, a "Profissão de Fé do Vigário Saboiano", acaba por lhe render perseguições e retaliações tanto em Paris como em Genebra, chegando a ter as obras queimadas. Rousseau rejeita a religião revelada e é fortemente censurado. Era adepto de uma religião natural, em que o ser humano poderia encontrar Deus em seu próprio coração. No entanto, seu romance “A Nova Heloísa” mostra-o como defensor da moral e da justiça divina. Apesar de tudo, ele era um espiritualista e teve, por isso e entre outras coisas, Voltaire, outro importante iluminista como principal opositor.
Em sua obra “Confissões”, responde a muitas acusações de Voltaire. No fundo, Rousseau revela-se um cristão rebelado, desconfiado das interpretações eclesiásticas sobre os Evangelhos. Politicamente, expõe suas ideias na famosa obra “Contrato Social”. Ele procura um Estado social legítimo, próximo da vontade geral e distante da corrupção. A soberania do poder, para ele, deve estar nas mãos do povo, através do corpo político dos cidadãos. Segundo suas ideias, a população tem que tomar cuidado ao transformar seus direitos naturais em direitos civis, afinal “o homem nasce bom e a sociedade o corrompe”.
Em 1762, Rousseau começou a ser perseguido na França, pois suas obras foram consideradas uma afronta aos costumes morais e religiosos. Refugiou-se na cidade suíça de Neuchâtel. Em 1765, foi morar na Inglaterra a convite do filósofo David Hume. De volta à França, casou-se com Thérèse Levasseur, em 1767.
Depois de toda uma produção intelectual, suas fugas às perseguições e uma vida de aventuras e de errância, Rousseau passa a levar uma vida retirada e solitária. Por opção, ele foge dos outros homens e vive em certa misantropia. Nesta época, dedica-se à natureza, que sempre foi uma de suas paixões. Seu grande interesse por botânica o leva a recolher espécie e montar um herbário. Seus relatos desta época estão no livro “Devaneios de Caminhante Solitário”. Falece aos 66 anos, em 2 de julho de 1778.
Referência: Wikipedia